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Na Coluna Edtechs deste mês, Leonardo Libman joga luz na questão da acessibilidade na educação e traz informações sobre a Jade, uma plataforma de IA voltada para alunos neurodivergentes

A humanidade tem uma dívida histórica a ser paga e a tecnologia educacional irá, indubitavelmente, contribuir para essa equação ser amenizada. Quando analisamos as transformações do ecossistema educacional pelo mundo ao longo da história, constatamos que algumas questões evoluíram de forma mais vagarosa que outras.

O movimento cronológico da educação especial, desenvolvida para alunos com altas habilidades, deficiências e transtornos de desenvolvimento, pode ser caracterizado por três fases principais, exclusão e isolamento, acesso e inclusão, respeito e empoderamento.

Historicamente, durante séculos, a deficiência era vista como uma anormalidade e alunos eram excluídos do convívio tradicional nas escolas, relegado às instituições ou asilos que o isolavam do mundo exterior pela percepção de serem inferiores e incapazes.

A partir de 1960 constatou-se o surgimento de uma nova tendência, a criação de um modelo educacional especializado, no qual escolas foram criadas exclusivamente para alunos com algum tipo de deficiência.

Vinte anos depois, década de 1980, algumas entidades formaram um movimento crescente para clamar pelos direitos dos alunos com deficiências e por uma maior conscientização da população. Neste mesmo período, as primeiras iniciativas públicas, voltadas para educação inclusiva, surgiram.

Na década de 1990 as discussões sobre a educação inclusiva ganharam força no cenário internacional. Na Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência em 1994, institucionalizou-se que a educação inclusiva deveria estar inserida dentro das escolas regulares. Esta decisão representou um grande avanço no tema, impactando positivamente o futuro de nossa sociedade.

De lá pra cá, assistimos à criação de novas leis fortalecendo o direito de pessoas com deficiências, um inédito sistema de cotas que asseguram o direito a matricula em escolas comuns e atendimento especializado respeitando democraticamente a individualidade e favorecendo a diversidade no ecossistema educacional.

Apesar dos avanços supracitados, a dívida segue sendo enorme e os desafios para inclusão real dos alunos com deficiência ainda requer muita atenção, inspiração e investimento. A realidade nas escolas evidencia falta de acessibilidade adequada, infra estrutura precária, carência de capacitação de professores, bullying e resistência cultural.

A boa notícia é que temos disponíveis tecnologias educacionais focadas em alunos neurodivergentes, e estas edtechs capitanearão a redução destas lacunas na educação.

Uma dessas inovações é a Jade, uma plataforma que surgiu a partir de uma necessidade real. Seu fundador, Ronaldo Cohin, enfrentou dificuldades ao buscar ferramentas eficazes para apoiar o desenvolvimento de seu filho autista. Diante da falta de soluções que realmente captassem e interpretassem as necessidades individuais de crianças neurodivergentes, ele decidiu unir tecnologia e ciência para criar um método mais preciso e acessível.

A Jade combina inteligência artificial e rastreamento ocular para mapear padrões cognitivos e comportamentais de crianças neurodivergentes. A plataforma permite que educadores e profissionais da saúde tenham acesso a relatórios detalhados sobre o progresso de cada aluno, possibilitando um ensino mais individualizado e baseado em dados concretos. A abordagem é fundamentada em pesquisas científicas e já foi validada em instituições de renome, como Oxford University.

O impacto dessa tecnologia já pode ser visto em escolas e centros de ensino que adotaram a solução. Em algumas dessas instituições, o uso da Jade resultou em um avanço acelerado no desenvolvimento das crianças, reduzindo em até 42% o tempo necessário para atingir marcos de aprendizagem. Isso demonstra que, quando combinamos inovação e propósito, conseguimos criar caminhos mais acessíveis para uma educação verdadeiramente inclusiva.

No entanto, o avanço da tecnologia por si só não basta. Como aponta Ronaldo Cohin, “a tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas seu impacto real depende do engajamento dos professores, das famílias e das políticas públicas. Precisamos de uma mudança de mentalidade para que a inclusão não seja apenas um conceito, mas uma realidade prática e cotidiana”.

A Jade tem sido reconhecida nacional e internacionalmente em várias premiações por sua inovação e impacto. Em 2020, foi finalista do Supernova Challenge no Gitex Future Stars, em Dubai, Emirados Árabes Unidos. Em 2023, venceu a competição Pitch Competition no Web Summit Rio. Em 2024, foi uma das startups selecionadas para o Santander X Global e também campeã do World Summit Awards na categoria Learning & Education. Além disso, conquistou o título de campeã no Future of Capitalism Awards, em Londres. 
A Jade atualmente possui 180 mil usuários em 179 países. Além de atender aos pais através do aplicativo, opera também no modelo de negócios B2G (Business to Government), fornecendo tecnologia educacional para redes públicas de ensino. Atualmente, a plataforma beneficia milhares de alunos em cidades como Vitória-ES, Colatina-ES, Vargem Alta-ES, Teixeira de Freitas-BA, Resende-RJ, Sapiranga-RS, Aracaju-SE e Governos de Lisboa e Abu Dhabi, promovendo inclusão e inovação na educação para neurodivergentes.

Ainda há um longo caminho a percorrer, mas a convergência entre ciência, tecnologia e compromisso social nos dá um vislumbre de um futuro onde toda criança, independente de suas particularidades, tenha o direito de aprender e se desenvolver plenamente.

Somente o aumento de consciência dos órgãos competentes aliado a grandes investimentos em tecnologia educacional de alta escalabilidade serão capazes de reduzir esta dívida histórica e garantir um futuro mais próspero para este público.


Para colaborar com as startups que desenvolvem tecnologias para a educação a se aproximarem cada vez mais das instituições de ensino, o educador21 está formando um “Cadastro de Edtechs”.

Se você deseja ver a sua empresa abordada pela Coluna Edtechs, ou gostaria de enviar um pitch para a playlist Pitch – Educador21 do Canal do Educador21 no YouTube, responda a este formulário.

Faremos contato o quanto antes!

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