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Na Coluna Educação Global deste mês, Lara Crivelaro traz mais aprofundamento sobre o tema da internacionalização da Educação Básica

Em uma era onde as fronteiras tornam-se cada vez mais permeáveis através da tecnologia e das relações globais, a educação não pode se dar ao luxo de permanecer estática e introspectiva. A formação de cidadãos que sejam não apenas competentes nacionalmente, mas também atores efetivos em um palco global, deve começar desde os primeiros passos da jornada educacional. É nesta confluência de ideias e culturas que o conceito de internacionalização da educação básica encontra seu terreno fértil e necessário.

Desbravando horizontes educativos

Neste processo de formação íntegra e envolvente que deve ir para além dos muros escolares, há um desejo de mergulhar profundamente na missão de despertar nos estudantes um olhar atento e interessado para o globo em sua integralidade, dando vida à concepção de cidadania global.

A pluralidade cultural, que é a assinatura de nosso mundo globalizado, não se limita às diferenças aparentes, mas também se enreda nas sutilezas das perspectivas, nos valores, e na rica tapeçaria de histórias que cada cultura tece. A escola, neste cenário, deve ser um palco onde a diversidade é vista não como um desafio, mas como uma oportunidade enriquecedora. Criar projetos que explorem diferentes culturas, práticas e modos de vida, além de incentivar o respeito e a valorização das diferenças, são ações indispensáveis na formação de um cidadão global.

Embora a adição de novos idiomas ao currículo seja fundamental, a proposta vai além do simples aprendizado de uma língua estrangeira. Trata-se de imergir os alunos em contextos onde o idioma é a chave para desbloquear o entendimento de outras culturas, outras histórias e outras formas de perceber o mundo. Assim, o aprendizado de novas línguas torna-se uma viagem exploratória, onde cada nova palavra e expressão revela um pedaço de um universo até então inexplorado.

Nesta trilha, emerge a necessidade de desenvolver empatia, uma habilidade intrínseca à cidadania global. Ao conhecerem diferentes realidades, os alunos são convidados a colocar-se no lugar do outro, compreendendo suas alegrias, desafios e lutas, o que naturalmente propicia um solo fértil para o desenvolvimento de solidariedade e uma postura proativa perante injustiças e desafios globais.

Ao instigar a curiosidade, estamos acendendo uma chama inata ao ser humano que o impulsiona à exploração e à descoberta. É vital incentivar os estudantes a fazer perguntas, a desbravar os “porquês” e “comos” das diversas culturas e sociedades, incentivando-os a sempre buscar entender mais profundamente o mundo que os cerca.

Em um mundo digitalmente conectado, a tecnologia se torna uma aliada indiscutível no processo de internacionalização educacional. Através de colaborações online, projetos conjuntos com escolas de outros países e participação em eventos globais virtuais, os alunos têm a chance de interagir com seus pares ao redor do mundo, compartilhando experiências, conhecimentos e construindo amizades que desafiam as fronteiras geográficas.

Os Parâmetros Curriculares e a internacionalização

A homologação dos “Parâmetros Curriculares para Internacionalização da Educação Básica” pelo Ministério da Educação e CNE, torna-se um documento-chave, não somente como instrumento normativo, mas como um norteador das práticas pedagógicas voltadas para uma educação sem fronteiras. A implementação destes parâmetros requer uma criteriosa análise e adaptação das metodologias pedagógicas, incorporando práticas que abram as portas para experiências e aprendizados que ultrapassam as barreiras nacionais.

É crucial que o documento, gestado no governo anterior e posteriormente abandonado pelo MEC, seja retomado e homologado, pois ele representa um marco fundamental para alinhar o sistema educacional brasileiro às demandas globais e garantir que nossos alunos estejam preparados para os desafios e oportunidades de um mundo cada vez mais interconectado.

Capacitar os educadores para que se tornem veículos de experiências internacionalizadas é um passo crucial nesta jornada. Eles devem ser incentivados e preparados para promover uma aprendizagem que ultrapasse os limites das disciplinas tradicionais e integre conhecimentos, habilidades e valores essenciais para uma atuação consciente e responsável no mundo.

Estabelecer parcerias com instituições de ensino estrangeiras, promover intercâmbios e integrar programas internacionais são ações que geram um impacto substancial na construção de uma educação verdadeiramente globalizada. A vivência e a troca de experiências entre alunos de diferentes nacionalidades são recursos inestimáveis para formar uma mentalidade aberta, crítica e inclusiva.

No entanto, é importante que estas iniciativas sejam inclusivas e acessíveis a todos os estudantes, independentemente de suas condições socioeconômicas, garantindo que cada um deles seja incentivado a explorar e interagir com as diversas facetas do mundo globalizado.

O futuro da Educação Global

Desbravar os horizontes educativos envolve, assim, uma série de estratégias interligadas, que vão desde o reconhecimento e celebração da diversidade até a incorporação de tecnologias que permitam uma verdadeira imersão global. Trata-se de uma viagem que, embora repleta de desafios, promete formar indivíduos conscientes de sua cidadania planetária, preparados para atuar com empatia, competência e responsabilidade no cenário global.

Neste panorama, nossos estudantes são convidados a serem exploradores de um mundo repleto de cores, vozes e perspectivas, tecendo, assim, uma rede global de aprendizagem, colaboração e respeito mútuo que promete ser o alicerce para um futuro mais justo e integrado.

A homologação dos Parâmetros Curriculares para Internacionalização da Educação Básica é uma oportunidade de internacionalizar a educação básica e neste ponto repousa a nossa responsabilidade de formar cidadãos que sejam não apenas proficientes em suas competências acadêmicas, mas também seres humanos empáticos, conscientes e atuantes em uma sociedade global.

É com os olhos voltados para o horizonte de um futuro interconectado que devemos reconhecer e atuar sobre o papel vital que a educação internacionalizada desempenha na formação de nossas crianças e jovens, equipando-os com as ferramentas que necessitam para construir um mundo mais justo, pacífico e sustentável.

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