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A abertura da II Jornada Bett Online foi um noite de profundas reflexões sobre o setor. Confira a cobertura do Educador21 nos quatro dias do evento

O primeiro dia da II Jornada Bett Online trouxe reflexões e inspirações importantes para o momento vivido pela Educação brasileira. O evento, organizado pela Bett Educar, maior evento de tecnologia e inovação em Educação da América Latina, é transmitido por meio de uma plataforma 3D e continua até sexta-feira, dia 14 de maio.

A abertura oficial contou com a aprticipação de quatro convidados, em duas palestras. Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação) e secretário municipal da Educação de Sud Mennucci/SP, e e Vitor de Angelo, secretário de Estado da Educação do Espírito Santo e presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), compartilharam impressões e previsões sobre políticas públicas educacionais. E os educadores e irmãos pernambucanos Sílvio e Luciano Meira abordaram questões sobre inovação na educação, além de falar a respeito das perspectivas futuras para o setor.

A diretora de Conteúdo da Bett Educar, Adriana Martinelli, também anunciou uma novidade durante o evento: o lançamento de um bootcamp em parceria com a CESAR School — uma escola de inovação instalada no Porto Digital, no Recife (PE). O termo bootcamp, traduzido como “campo de treinamento”, surgiu nos campos militares dos Estados Unidos, onde acontece a preparação de soldados para a guerra. Mas, por definição corporativa, um bootcamp é um treinamento intensivo cujo objetivo é fazer com que os participantes absorvam conhecimento teórico de maneira conjunta com a prática.

“A Bettcamp será um evento imersivo de cerca de três meses de duração. O evento é voltado aos interessados na educação; criativos, educadores, empreendedores que desejam desenvolver soluções para transformar o setor”, disse a diretora durante um intervalo da transmissão. Os detalhes sobre a Bettcamp serão anunciados em breve.

O Educador21, parceiro de conteúdo da Bett Educar, acompanha as palestras e oficinas para fazer uma cobertura completa para nossos leitores. Organizado em torno do tema “Transformação Digital e Humana da Educação”, a cada dia o evento percorrerá uma trilha de conhecimento norteada por um eixo temático predeterminado.

Nesta terça, 12, a Jornada terá início às 14h. As discussões nas plenárias, no Palco Lives e os assuntos abordados nas oficinas práticas virtuais girarão em torno do ensino híbrido e metodologias ativas. Referências nessas áreas, Lilian Bacich, diretora da Tríade Educacional, José Moran, professor da USP, e Paulo Tomazinho, consultor e pesquisador da Meta Aprendizagem serão os palestrantes convidados.

Outro destaque será a sessão Microsoft, às 15h30, na Plenária 1, intitulada “Reimaginando a Educação: Lições aprendidas e um olhar para o futuro”. Anthony Salcito, Vice-Presidente Global de Educação da Microsoft, e Vera Cabral, diretora de Educação da Microsoft Brasil, dividirão a tela de transmissão com Raniere Candido, diretor de Tecnologia e Inovação do grupo educacional Paraíso, e Silvia Scuracchio diretora Pedagógica e Head of Innovation da Escola Bosque. A tarde de conhecimento será encerrada com a palestra inspiradora do médico psiquiatra e escritor Augusto Cury.

A programação completa pode ser conferida neste link. Confira, a seguir, alguns dos principais momentos do primeiro dia da II Jornada Bett Online.

Políticas públicas e futuro do setor no centro das discussões

Juntos, Victor de Angelo, do Consed, e Luiz Miguem Garcia, da Undime, são responsáveis por acompanhar a evolução da educação que impacta e define a vida de cerca de 48 milhões de estudantes em todo o país. Dividindo o primeiro painel da noite de abertura da Jornada Bett Online, os dirigentes chamaram a atenção para as consequências que este momento da Educação deverá trazer para o futuro do país.

O presidente da Undime compartilhou dados colhidos pelas pesquisas que a entidade tem realizado desde o início da pandemia, no ano passado. Luiz Miguel Garcia destacou a resistência e a resiliência dos educadores no período, que saíram em busca de meios de manter a educação acontecendo. “Educação é interação e, nesse sentido, o mais importante foi perceber que não poderíamos abandonar as tecnologias e descobertas utilizadas neste momento de grandes desafios”, disse o gestor. Já Vitor de Angelo falou mais incisivamente sobre o impacto do período no desempenho brasileiro no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).

Segundo de Angelo, após a pandemia a tendência será de piora nas próximas avaliações. E para além, nos próximos 10 anos. Na sua opinião, a educação brasileira, que vinha conquistando pequenas vitórias nas últimas avaliações, atravessará um período longo e doloroso, com perdas significativas de desempenhos de aprendizagem como consequencia da falta de estratégia do governo no enfrentamento dos problemas para o setor com a chegada do coronavírus.

“O país que sairá desta pandemia, com todos os malefícios que ela trouxe para a educação pública, com o peso quantitativo que a educação pública tem, e também com os problemas que a própria rede particular enfrentou nesse período, será um país pior. Porque não ficamos parados, mas andamos para trás nessa pandemia. Isso é muito danoso para o país. Precisaremos investir muita energia, trabalho e esforço para recuperar as aprendizagens perdidas”, declarou Vitor de Angelo.

Com mediação de Kátia Schweickardt, professora da Universidade Federal do Amazonas e ex-Secretária Municipal de Educação de Manaus, a segunda sessão da abertura trouxe reflexões e previsões para o setor. Os irmãos Sílvio Meira — um dos fundadores da Digital Strategy Company e do Porto Digital, no Recife — e Luciano Meira — professor da Cesar School, professor de psicologia cognitiva da UFPE, Coordenador de Ciência e Inovação da Joy Street e conselheiro da Bett Educar –apresentaram um amplo panorama sobre inovação e tecnologias educacionais.

Silvio Meira destacou o que ele chamou de megadesafio para o setor neste momento: melhorar a “universalidade” da Educação do país. Para isso, frisou que mudanças radicais serão necessárias, mas que, antes de tudo, é preciso investir fortemente na atualização de professores. O educador também criticou a omissão do governo federal na criação de estratégias para manutenção de atividades e recuperação do setor durante a pandemia.

“Professores criam oportunidades, criam as pessoas. Mas precisamos de confiança para a base e o topo. O que temos hoje é uma escola de topo para os filhos dos ricos, e de base para os filhos dos mais pobres. Todos devem estar na mesma escola; uma escola com qualidade, democrática, universal e com discussão estratégica para o país”, declarou Silvio Meira.

Já a fala de Luciano Meira se concentrou mais na construção do valor da inovação e das tecnologias, analógicas e menos escaláveis, e digitais, que permitem velocidade e produção de dados. Na sua opinião, é preciso, primeiro, observar práticas inovadoras para, só então, trazer as tecnologias para potencializar a colaboração: “É o professor que vai dar sentido ao significado da tecnologia com apoio da Inteligência Artificial. Inovação envolve risco e confiança para implantar práticas didáticas inovadoras.”

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