Coordenador-geral da ESEG, Marcelo Dias fala, neste artigo, das perspectivas de crescimento da educação superior em 2023
Marcelo Dias*
Por uma série de fatores, como retração econômica, políticas públicas e a grande crise da pandemia, houve forte impacto nas matrículas realizadas nas universidades privadas até 2022. Porém, as perspectivas são positivas com relação à educação superior em 2023. A expectativa é que os jovens busquem qualificação para se inserirem no mercado de trabalho buscando remuneração acima dos patamares que eles alcançariam se não tivessem concluído o ensino superior.
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e pela Educa Insights em novembro de 2021, denominada Observatório da Educação Superior – 5ª edição, mostrou que 63% dos entrevistados não desejavam mais adiar a graduação e declararam planejar o início da faculdade no primeiro semestre de 2022. Este ano, os números devem ser ainda mais animadores.
Para este ano, há fortes indícios de que o ensino superior estará ainda mais conectado com o mercado de trabalho, estreitando a relação entre os universos acadêmicos e profissional. Acredito que as instituições buscam, cada vez mais, maneiras de criar modelos vantajosos para ambos, o que inclui pesquisas aplicadas em parceria com empresas em diversas esferas. Isso pode trazer, no médio prazo, resultados positivos para todos os envolvidos: alunos, universidades e empresas, que passarão a contar com mão de obra qualificada.
Outra mudança agora é a consolidação do uso de novas tecnologias para o ensino. As inovações estão proporcionando muitos ganhos para as gestões das universidades, e não me refiro apenas ao ensino a distância. Isso ocorre também com os modelos híbridos e presenciais, uma vez que a tecnologia agrega diferenciais para potencializar os processos de ensino-aprendizado. Como exemplo, estão as bibliotecas virtuais, que oferecem escalabilidade para se formar um acervo melhor sem ter de fazer grandes investimentos na aquisição de volumes físicos nem em infraestrutura física.
Os laboratórios virtuais também podem ser incluídos nessa tendência, pois possibilitam que alunos tenham experiências práticas como se estivessem em laboratórios físicos. Eles também permitem inovação sem a necessidade de grandes investimentos em equipamentos, firmando-se como um diferencial importante para a instituição e para uma aprendizagem mais consistente.
O ano deve ser marcado ainda pela retomada de planos de estudo mais consistentes, voltados para a evolução do aluno rumo à vida profissional. Fazendo uma analogia com a Copa do Mundo, vemos atletas e jogadores em campo exercendo funções de atacante, lateral, goleiro. Dificilmente paramos para pensar no quanto aquele jovem se dedicou aos treinos; o quanto ele praticou exaustivamente movimentos para acertar as jogadas em campo; o quanto trabalhou para aprimorar sua técnica. O mesmo deve ocorrer com alunos de todas as áreas, portanto, os estudos devem envolver mecanismos de aprendizagem para que, no momento certo, a prática seja aplicada com maestria.
Sendo assim, acredito que o próximo ano será marcado pelo uso cada vez maior de tecnologias sem que o professor perca seu espaço de protagonista do ensino. Contar com um corpo docente bem qualificado e treinado para estar em sala de aula, não só pelo conhecimento teórico, mas também pelo nível de conhecimento prático e profissional, será um grande diferencial. Tudo isso vai contribuir para a jornada do aluno que busca se tornar um bom profissional.
Por fim, destaco que é inegável a necessidade dos docentes continuarem estudando e se aprimorando na forma e no conteúdo, afinal, os professores exercem um papel essencial na formação completa dos estudantes, indo além de conteúdos expositivos e unidirecionais. Ao investirem em novas formas de lecionar, eles estreitam o elo com os discentes, principalmente quando estão prontos para interagir com eficiência nos canais de comunicação utilizados pelos alunos.
Em 2023, essas tendências estarão mais do que consolidadas. E o ensino superior tem um papel preponderante na retomada econômica do país.
*Coordenador-geral da ESEG – Faculdade do Grupo Etapa