Para Eduardo Calbucci, professor e CEO do Programa Semente, cuidar da saúde mental é ainda mais importante em tempos de pandemia
Além de desenvolver as habilidades cognitivas, como a memorização e a análise, cabe à escola, com a implementação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), desenvover as competências referentes às emoções, ao reconhecimento próprio e às relações interpessoais: as chamadas habilidades socioemocionais.
Essas competências mostram-se cada vez mais importantes na formação de um cidadão responsável e capaz de exercer um papel ativo na sociedade, e estão diretamente ligadas à saúde mental.
Empresas sérias e comprometidas com uma sociedade melhor precisam olhar para seus funcionários de uma maneira mais empática. Inclusive as instituições de ensino que, segundo Eduardo Calbucci, professor e CEO do Programa Semente— solução completa em aprendizagem socioemocional para alunos, professores e famílias –, devem cuidar da saúde socioemocional dos seus docentes, especialmente agora, em tempos de pandemia. “Isso porque a saúde é fundamental e, por extensão, a saúde mental também é”, disse Calbucci.
Mas a saúde emocional ainda é trabalhada na escola, muitas vezes, de uma maneira não sistematizada, de acordo com o professor Calbucci. E nem sempre levando em consideração as descobertas científicas mais recentes.
“Agora, quando a escola se vale de um programa estruturado de aprendizagem socioemocional, para alunos e professores, esse olhar mais atento para a saúde mental se revela um elemento transformador para a vida das pessoas”, explicou, sintetzando, também, a atuação do Programa Semente.
É possível desenvolver habilidades socioemocionais em educadores?
Eduardo Calbucci explicou que o educador precisa das competências socioemocionais para poder contribuir para o desenvolvimento socioemocional dos estudantes. “Só se ensina o que se aprendeu.” A boa notícia, de acordo com Calbucci, é que uma das coisas que define uma competência socioemocional é justamente o fato de ela poder ser desenvolvida ao longo da vida, em contextos formais e informais. Ainda segundo o CEO do Projeto Semente, essas competências podem ser mensuradas.
“Penso, então, que tudo deve começar com o autoconhecimento. As pessoas precisam descobrir se são suficientemente determinadas, responsáveis, assertivas, entusiasmadas, confiantes, organizadas e assim por diante”, disse, frisando que, caso alguma competência esteja abaixo do desejável, é preciso buscar ajuda de especialistas (fundamentalmente profissionais da saúde e da educação) para saber o que pode ser feito. “Sempre há algo a ser feito”, destacou.
O ambiente escolar foi duramente afetado pela pandemia. Os professores tiveram que se reinventar e, ainda, lidar com as sensações de perdas, de injustiças e de perigos, que fomentaram tristezas, raivas e medos. “Agora, é o momento de refletir sobre o que aconteceu, estimular as conversas francas, admitir as fraquezas, reconhecer os aprendizados e acolher, acolher e acolher. As pessoas precisam ser ouvidas. De verdade”, orientou Eduardo Calbucci.