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A Rede Jesuíta de Educação Básica realiza congresso, até o dia 9, discutindo a relação entre tradição e inovação em educação. O diretor Fernando Guidini compartilha algumas reflexões da rede neste artigo

Fernando Guidini*

À medida que o mundo evolui, a educação enfrenta o desafio de se reinventar para atender às megatendências globais e preparar os alunos para um futuro incerto. Isso requer uma abordagem sistêmica que reconheça e valorize a diversidade de saberes e conhecimentos, promovendo uma educação que seja ao mesmo tempo relevante e significativa para os alunos e para a sociedade.

Em um mundo de transformações rápidas e imprevisíveis, a inovação pedagógica se posiciona como um campo de reflexão constante sobre o fazer educativo. Como ressalta Graciela Messina, no livro “Mudança e Inovação Educacional: notas para reflexão (2001)”, mudar na educação significa não apenas adotar novas práticas, mas questionar os padrões existentes e aprender novos códigos culturais.

Juana Sancho-Gil, em “Innovación y enseñanza. De la “moda” de innovar a la transformación de la práctica docente” (2018), cita ainda a importância de atualizar constantemente as práticas educativas para refletir as novas formas de aprender, ensinar e interagir com o mundo. Isso inclui a adaptação às novas tecnologias educacionais, a valorização da diversidade de conhecimentos e experiências, a atenção às novas formas de gestão educacional e a redefinição dos métodos de avaliação para melhor refletir o processo e os resultados da aprendizagem.

Portanto, embora as tecnologias digitais ofereçam novas possibilidades de acesso ao conhecimento e comunicação, a verdadeira inovação na educação vai além do uso de ferramentas modernas. Como mencionado no relatório “Measuring Innovation in Education” (2019), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), trata-se de repensar práticas pedagógicas, metodológicas e de gestão, criando ambientes educacionais que promovam o desenvolvimento integral e integrador dos estudantes.

A interação entre tradição e inovação na educação não é apenas um diálogo necessário entre o passado e o presente, mas uma síntese dinâmica e constante de todo o sistema de ensino com capacidade de moldar o futuro da sociedade. Por meio desse diálogo, as instituições educacionais podem garantir não apenas a relevância, mas também a qualidade e a eficácia de suas práticas educativas, bem acompanhando as evoluções. Dualidade entre tradição e inovação na educação não é uma escolha entre dois caminhos opostos, mas uma jornada de problematização, integração e síntese.

E a inovação pedagógica não deve ser vista como um fim em si mesma, mas um meio para alcançar um projeto educacional que promova a justiça, a reconciliação e a sustentabilidade. É por meio dessa abordagem que as instituições educacionais podem, verdadeiramente, cumprir sua missão de transformar não apenas os estudantes, mas também as sociedades em que vivemos.

Tradição e inovação se unem não apenas para preservar o legado educacional do passado, mas também para forjar um futuro onde cada indivíduo tenha a oportunidade de florescer plenamente e contribuir para um mundo mais justo e equitativo.

Em nosso modo pedagógico de proceder, nós, Jesuítas, atuamos de forma a integrar tradição e inovação de maneira ética e esperançosa, compromissados com uma educação que verdadeiramente forme na e para uma cidadania global transformadora. Igualmente, e como educação católica, dialogamos com os convites propostos pelo Papa Francisco no Pacto Educativo Global, ao convocar “toda a Humanidade a assinar um pacto educativo comprometendo-se pessoalmente a empreender sete caminhos: Colocar a pessoa no centro; Ouvir as gerações mais novas; Promover a mulher; Responsabilizar a família; Se abrir à acolhida; Renovar a economia e a política e Cuidar da casa comum”. Como nos disse Paulo Freire, “mudar é difícil, mas é possível”. E urgente.

*Diretor da Rede Jesuíta de Educação Básica

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